domingo, 9 de agosto de 2009

Minto?

Um novo ofício poderia ser criado. Reuna alguns fatos, imagens, sobre alguma situação e após alguns minutos de conversa você sera presenteado com as mais brilhantes saidas para os seus problemas. Esquartejados os psicologos, padres, médicos, advogados, sociólogos...
O mentiroso resolve encomendar suas esculturas moldadas da verdade. Capturando alguns detalhes de relatos dos clientes ele elabora situações imaginarias para percorrer as penumbras e lacunas do cotidiano. Desabafe. Sente-se e conte tudo o que lhe incomoda que será lapidada uma mentira pronta para resolver tudo. O mentiroso artesão tambem atende casais. Oferece ajuda nas elaborações mais consistentes das mentiras mútuas necessárias aos grandes amores verdadeiros ou naquelas verdades desnecessárias que destroem os épicos romances cotidianos.
As encomendas seriam de numeros poderosos. O mentiroso seria um profissional de sucesso e quem sabe, criando realidades poderia resolver qualquer atrito existencial. Pensa sua vida inutil? Não fique assim. Alguns detalhes do seu viver podem ajudar a fazer uma grande farsa que lhe tranquilizará. Inventar mentiras para quem precisa seria um esforço laborativo dos mais nobres e solidários. Basta conhecer os movimentos da convivência para resolver a angustia daquele homen, porém destruindo a vida daquela, que por sua vez, precisará ser doutrinada para mentir na situação adequada e assim, enfrentar a dura realidade. O mentiroso artesão cria diamantes retos para os que estão perdidos em curvas de grafite.
A conjunção adversativa e suas sensações contraditórias aparecem nessa grande suposição desse texto.
Porém, o mentiroso artesão desiste. Abandona o ofício que seria muito lucrativo. Mesmo conhecendo a vasta literatura anti verdade, seus crimes e castigos em retratos que pretendiam mostrar uma juventude eterna mas que estavam envelhecendo, o mentiroso resolve parar. Talvez tenha dito que pretendia ser sincero consigo mesmo. Poderia estar sendo incomodado por todos os chefes de estado do mundo e até estar sendo torturado em alguma prisão de uma ilhota qualquer. Será que os homens estariam sobrecarregando o mentiroso artesão com suas mirabolantes infidelidades? E por que as mulheres não estariam reinvindicando mentiras cada vez mais tortuosas?
O mentiroso artesão desapareceu. Diriam que tornou-se uma lenda. Em toda lenda há uma superficie de mentira. Seu desaparecimento é uma mentira. Na verdade, ele poderia perfeitamente nunca ter existido ou até ter percebido que ser deus é incômodo demais.

Um comentário:

Sidney Andrade disse...

Olá, Valdênio.
Cheguei ao teu blog por indicação de Bruno Gaudêncio. Sou estudante de Comunicação Social na Universidade Estadual da Paraíba. Estou executando minha monografia, que tem por tema "o blog literário como ferramenta de autodivulgação para o novo escritor do século 21". Meu corpus de análise envolve dois tipos de sujeitos:
1. pessoas que já publicaram livros e usam seus blogs literários como meio para divulgar suas publicações.
2. pessoas que ainda não publicaram livro, mas pretendem, e matêm seus blogs literários como meio de levar seus textos aos leitores.
Por Bruno tê-lo indicado, suponho que um desses dois casos seja o seu. Eu gostaria de saber se você teria interesse em fazer parte dos sujeitos da minha pesquisa. O procedimento é bem simples, pela internet mesmo, e lhe direi se você concordar.
Meu email é sidneyandrade23@hotmail.com, ou se achar melhor, pode me responder num comentário no meu blog mesmo (www.sidneyandrade.blogspot.com).
De qualquer forma, muito obrigado pela atenção.
Grande abraço.