quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Crônica da Nova Canudos

Aonde um século atrás soavam rajadas das metralhadoras, trazidas pela república do Brasil para estraçalhar os pobres e seus devaneios católico-sertanejos, uma vovó, com seu novo celular, insiste para que o neto a ensine a usar o aparelho.  O sertanejo é antes de tudo um forte: expugnado palmo a palmo  e mesmo a contragosto e com pouca paciência o neto ensina  a avó a mandar mensagens via facebook e whatsapp. A vovó, o velho sertão, neta da brava gente que resistiu no arraial da Canudos do Bom Jesus Conselheiro  quer apreender um pouco do novo sertão, da mensagem rápida, da motocicleta barulhenta, um sertão colorido, das músicas de forró eletrônico e tecnobrega, das roupas apertadas e cabelos longos do neto. Um sertão que distoa daquele sertão dos vaqueiros de cor marrom encouraçado e enlaçado a um passado que não volta jamais.   Ninguém entra em um mesmo sertão uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo. Os sertões já serão outros.  




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