Naquele Tempo..

Somos uma sequência de elos que formam a nossa personalidade.Pessoas que morreram antes de nascermos,outras que compartilhamos um curto período de tempo durante a vida e que já não existem.A nostalgia é a nossa ligação umbilical com a fumaça densa do passar das décadas.
Escrevendo a fantástica história epopéica que fazemos antes de dormir na busca do sono,já que para vir o sono em um corpo tem de usar a imaginação esvoaçante,vemos que a epopéia não é nada mais do que um ciclo rígido de coincidências.Os filhos são iguais aos pais,os netos aos bisavôs.Até que quando começamos a notar essas igualdades na prática acabamos reféns da batida das horas e a nossa pele,este papel vivo,começa a ser amassado depois de tanto tempo de reescritas,releituras dos símbolos de uma época grifados nas saliências da face.O olhar longe,o cigarro aceso,o samba antigo,o suspiro...todos tem sua função dentro da memória.Esta é a figuração desta nossa ´´caixa preta`` que nos envolve nesses nós-tálgicos momentos de riso solitário que nos seguem nas mormacentas horas da tarde.


Valdênio Freitas